quarta-feira, 10 de outubro de 2012

ALTAR VAZIO, JORNAIS DE ONTEM

No avião, uma passageira ao meu lado soltava gritos histéricos a cada turbulência.
Eu não me perturbei, não fui influenciado pelo seu medo: não me importava se fosse cair ou não.
No estádio, houve princípio de confusão, não corri para a saída. Permaneci tranquilo em meu degrau, não me importava se fosse me machucar ou não.
Se sou assaltado, devo virar os ombros. Se sou ameaçado, devo virar as costas. Não tenho receio das consequências.
Aceito absolutamente os riscos. A morte não me desagrada, a vida não me inquieta.
Não há vontade de me matar, muito menos de acordar.

Após a separação, não sofro de pressa nenhuma para concluir meus trabalhos. Não reclamo dos prazos. Não quero terminar logo uma palestra. Não apresso a porta de casa. Não defino um motivo para sair ou regressar. Um domingo lindo e uma segunda-feira chuvosa não guardam diferença. O altar vazio é igual a uma prateleira.
Não me preocupo com a minha saúde, ou com a aparência.
Na última sexta, dirigi de Porto Alegre até Caxias do Sul. Assim que atravessei o pedágio, voltei. Só precisava ir para longe e não parar nunca.
Pretendo cansar meu sofrimento. Rezo para desmaiar, e pensar menos.
Antes economizava tempo, reduzia as estadas nos hotéis, a duração dos voos, os afazeres, para ficar com ela. Agora o intervalo é inútil e minhas mãos são jornais de ontem.
Estou curiosamente tranquilo. O desespero me tranquiliza. O desespero me torna invencível. A expectativa é nula e, portanto, duradoura.
Voltei a ser humilde, a escutar as canetas, as moedas, os objetos caindo no chão e recolhê-los aos seus donos desajeitados.
A fossa me corrige a postura. Tenho falado baixo, peço licença às cadeiras e desculpa às paredes. Nunca andei tão educado, comedido, respondo imediatamente as ligações maternas.
A fossa devolve a modéstia. Você pode ser arrogante, mas o sofrimento amoroso rompe com a vaidade, fere a estima, sangra seu egoísmo.
Passa a se interessar pelos conselhos de todos, do síndico ao caixa do banco. Passa a andar devagar pelo bairro, enxerga cartomantes nos postes e beijos nos carros parados.
Não existe imunidade. Não tem como se defender da saudade.
O fim do amor é um retrocesso ambicioso. Não vai se valer da cautela. Não vai se apoiar na fama. Não vai fugir do desastre.
Você pode ser um empresário afortunado e rastejar para que alguém volte.
Você pode ser um ator de sucesso e mendigar uma segunda chance.
Você pode ser um engenheiro frio e indiferente e mergulhar numa crise de choro sem precedentes.
O amor é o antídoto da soberba. Maestros retomam o papel de solistas. Professores reiniciam seu percurso como alunos. Senadores se candidatam a vereador.
Aquele que se julgava pronto não tem mais nada fazendo sentido e precisa de tudo de novo.
Tudo de novo. Tudo de novo. Tudo de novo.




Fabrício Carpinejar

Os ausentes

Eu não assisti ao programa, mas soube da história. O jornalista David Letterman recebeu Joaquim Phoenix para uma entrevista. O ator fez jus à fama de bad boy: não parou de mascar chiclete e só respondia com monossílabos e grunhidos, não facilitando o andamento da conversa. Letterman tentou, tentou, e como não conseguiu arrancar nada do sujeito, encerrou a entrevista com uma tirada que me pareceu perfeita: “Joaquin, uma pena que você não pôde vir esta noite” .

Quando uma pessoa se dispõe a dar uma entrevista, tem que entrar no jogo: responder com generosidade ao que foi perguntado e valer-se de uma educação básica, caso tenha. É bom lembrar que a maioria das entrevistas não é feita apenas para dar ibope ao programa, e sim para ajudar na divulgação de algum projeto do convidado. Ambos saem ganhando. Só quem não ganha é a plateia quando o convidado finge que está lá, mas não está. Madonna é até hoje o trauma da carreira de Marilia Gabriela, pelos mesmos motivos.

Claro que há quem defenda a atitude de Phoenix com o argumento da “autenticidade”, mas existe uma sutil diferença entre ser autêntico e ser grosso. É muita inocência achar que podemos prescindir de uma certa performance social. Espero não estar ferindo a sensibilidade dos “autênticos”, mas de um teatrinho ninguém escapa, a não ser que queiramos voltar a viver nas cavernas.

Não sou de me irritar facilmente, mas acho um desrespeito quando uma pessoa faz questão de demonstrar que não compactua com a ocasião. São os casos daqueles que se emburram em torno de uma mesa de jantar e não fazem a menor questão de serem agradáveis. Pode ser num restaurante ou mesmo na casa de alguém: estão todos confraternizando, menos a “vítima”, que parece ter sido carregada para lá a força. Às vezes, foi mesmo. Sabemos o quanto uma mulher pode ser insistente ao tentar convencer um marido a participar de um aniversário de criança, assim como maridos também usam seu poder de persuasão para arrastar a esposa para um evento burocrático. Não importa a situação: saiu de casa, esforce-se. Não precisa virar o mestre-de-cerimônias da noite, mas ao menos agracie seus semelhantes com dois ou três sorrisos. Não dói.

Dentro da igreja, ajoelhe-se. No estádio de futebol, grite pelo seu time. Numa festa, comemore. Durante um beijo, apaixone-se. De frente para o mar, dispa-se. Reencontrou um amigo, escute-o.

Ou faça de outro jeito, se preferir: dentro da igreja, escute-O. Durante um beijo, dispa-se. No estádio de futebol, apaixone-se. De frente para o mar, ajoelhe-se. Numa festa, grite pelo seu time. Reencontrou um amigo, comemore.

Esteja, entregue-se.

Se não quiser participar, tudo bem, então fique na sua: na sua casa, no seu canto, na sua respeitável solidão. Melhor uma ausência honesta do que uma presença desaforada.

Martha Medeiros

terça-feira, 9 de outubro de 2012

VALORIZE-SE

Valorize-se, você não está na prateleira.
Muitos solteiros se sentem na “prateleira” como se o seu coração estivesse a venda para quem quiser comprá-lo. Nesse processo, algumas pessoas acabam jogando a sua autoestima pelo ralo e se submetem a viver de migalhas emocionais. Vendem o seu coração por preço de banana e mergulham em decepções. Isso acontece toda vez que, por não saber esperar, você se entrega a uma nova paixão. Seu coração não é mercadoria e nem está a venda! Seu valor é inestimável! Você é a jóia preciosa do Senhor que custou muito caro lá na cruz do calvário: preço de sangue! 1 Cor. 6:19-20 (NVI) “Vocês não são de si mesmos; vocês foram comprados por alto preço...”
Mateus 10:29-30 (NVI) "Não se vendem dois pardais por uma moedinha? Contudo, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do Pai de vocês. Até os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados. Então, não tenham medo; vocês valem mais do que muitos pardais!"
Você não é um produto, mas o seu preço é muito alto. Jóias preciosas não ficam disponíveis para qualquer um vir e experimentá-las, elas ficam guardadas em locais próprios e seguros. Jóias não são para qualquer um, mas só para quem pode arcar com elas. Comporte-se como alguém de valor, ame-se primeiro antes de amar alguém.
Precisamos fazer uma autoavaliação a respeito das motivações e das carências na área sentimental para evitar cair em armadilhas emocionais. A necessidade tende a anular o nosso senso de escolha, porque quando precisamos de algo com muita urgência, a tendência é agir impulsivamente: “para o que está com fome qualquer coisa amarga é doce” (Provérbios 27:7b). Toda vez que você agir pela necessidade, vai se contentar com qualquer um e isso lhe trará consequências bem desagradáveis.
Muitas pessoas entram em desespero ao ver o tempo passar e isso as leva a relativizar seus critérios em relação ao seu futuro cônjuge. Você tem muito valor e não deve aceitar nada menos do que o melhor de Deus para sua vida. Não negocie princípios por causa de necessidade afetiva ou medo da solidão. A vontade de acertar na sua vida sentimental precisa ser maior que o medo e a carência emocional.
Também existem aqueles que se sentem como se fossem os “compradores” e ficam avaliando corações por aí durante muito tempo e, às vezes, nem decidem nada. São pessoas que, muitas vezes, geram expectativas no outro e depois não são capazes de supri-las. Cuidado com o sentimento dos outros!!! Valorize uma pessoa como Jóia do Senhor, a qual você terá que provar a Ele que é digno dela.
O tempo de estar solteiro não significa estar na prateleira, mas sim um tempo para reconstruir a sua autoestima. Você não tem como amar alguém, sem amar a si primeiro. A ordem bíblica é: ama ao próximo como ama a ti mesmo (Mateus 19:19). Você se ama? Se não, como amará ao próximo?
Neste meio tempo, você descobrirá que o amor que busca está, primeiro, dentro de você e que nenhum relacionamento com alguém poderá desenterrá-lo e ativá-lo na sua vida, é você quem, primeiro, deve tomar posse dele (VANZANT, 2009).
Por isso, este tempo é indispensável para elevar o seu amor próprio e adquirir a liberdade necessária para fazer suas escolhas de forma consciente. Lembre-se que Deus quer que você se sinta um solteiro completo e feliz, em primeiro lugar, para futuramente, fazer seu cônjuge feliz.
Reconheça o valor que está em você. Você não está na prateleira. Quando se amar, de verdade, não se entregará a um relacionamento por necessidade ou por pressão externa, mas fará uma escolha consciente.



Simone Messina

CUIDADO: ESTOU EM OBRAS

Está tudo bagunçado, tudo fora do lugar! Vem com calma, cuidado, estou em obras!
Passando pelas ruas do Rio de Janeiro hoje, e enfrentando nosso tradicional engarrafamento, pude notar a quantidade de máquinas derrubando prédios e plainando terrenos. A Copa do Mundo está chegando e depois as Olimpíadas e para se adequar a tudo isso muitas mudanças estão sendo feitas.
Pessoas e estabelecimentos sendo realocados; ruas sendo mudadas de direção; avenidas alargadas; o trânsito caótico. Nesse momento a única coisa que vemos é poeira para todos os lados, barulhos de britadeiras a todo vapor e estresse, muito estresse.
Enquanto contemplava toda essa paisagem de bagunça aparente, comecei a pensar que o mesmo acontece em nós quando estamos EM OBRAS!
Oramos e pedimos a ajuda de Deus para melhorarmos como pessoas, como filhos, para evoluirmos em nossos ministérios e, de repente o mundo vira de cabeça para baixo. Desesperamos-nos porque só vemos a bagunça, os problemas, a poeira e os entulhos e esquecemos que é necessário que muita coisa saia do lugar e seja ajeitada para que se erga um novo prédio, para que se edifique uma nova estrada.
Isso me faz lembrar o Profeta Jeremias descendo a casa do oleiro para ser refeito, pois Àquele que faz, desfaz e refaz.
Ser um novo vaso, uma nova edificação, alguém melhor, implica necessariamente em quebra-quebra. A estrutura precisa ser melhorada, o alicerce fortificado, pois chegará o tempo da inauguração, e ninguém merece inaugurar algo velho, né?
Sua vida está um caos? Você está em obras.
Você pode olhar e ver um monte de entulhos, tijolos e areia para todos os lados, mas o Senhor enxerga a obra prontinha, linda, limpa e pronta para ser usada.

Não permita que haja desvio de verbas nesta construção. Mantenha o foco, seja fiel até o fim, pois de“grau em grau e de glória em glória, nós caminhamos para a estatura de varão perfeito” (Paulo aos Coríntios e Efésios) e, naquele grande dia eu quero estar pronto para poder dar o melhor de mim, o melhor do que fui feito para fazer.
Ansiedade e domínio próprio serão muito trabalhados nestes dias, preste muita atenção nestas áreas da sua vida, e siga adiante para o alvo que é Cristo.
Na paz d’Aquele que é o Criador e idealizador desta linda obra que é você.



Felipe Heiderich

POR QUE ME SINTO TÃO SÓ?

Infelizmente, a maior parte das pessoas maximiza a solidão como uma das piores sensações na vida de solteiro. Algumas se deixam levar por um estado melancólico a ponto de viver em desânimo.
Para Augusto Cury, quando o mundo nos abandona, a solidão é suportável, mas quando nós mesmos nos abandonamos, a solidão é quase incurável (CURY, 2011). Nós nos abandonamos quando nos entregamos à tristeza, quando mergulhamos no mar da autopiedade, nos sentindo a última vítima da face da terra por estarmos sozinhos e carentes. Se autoabandonar é, dentro de si mesmo, desistir de lutar, e deixar a vida o levar, como ela quiser.
Quando você desiste de lutar pelos seus sonhos, perde suas perspectivas e como consequência disso, deixa de cuidar da autoestima e de investir nas outras áreas da sua vida. Seus problemas vão se tornando uma “bola de neve”, roubando-lhe a esperança de um futuro feliz. As pessoas vivem depressivas porque desistiram de lutar e entregaram-se ao acaso. Geralmente, nestas horas, é que mais precisamos olhar para dentro; e é aí que acabamos fugindo de nós mesmos, deixamos de criticar nossos sentimentos negativos e nos acostumamos a eles. Você tem se “abandonado” nos momentos difíceis?
A decisão de dar a volta por cima é uma tarefa sua, ninguém poderá fazer isso por você. Comece resgatando, dentro de você, aquilo que lhe traz esperança (Lamentações 3: 21).
Há pessoas que decidem tomar a rota da fuga. Preferem mudar de cidade, de emprego, de amizades, de igreja, mudam tudo a sua volta, mas nada em seu interior. Tanto mulheres quanto homens, solteiros ou casados, terão problemas de solidão, se não desenvolverem uma íntima comunhão com o Senhor. A solidão não depende de estado civil, de possuir ou não um companheiro, mas da falta de intimidade com o Senhor e do equilíbrio emocional em nossas vidas.
Até mesmo as pessoas casadas podem sentir solidão, pois sentir-se só não é um “privilégio” dos solteiros. Só aquele que desfruta da intimidade com o Espírito Santo pode se sentir alegre e totalmente preenchido. Deus não faz acepção de pessoas para derramar Sua graça e Seu amor. Ele dá alegria aos casados e, também, aos solteiros.
Além do mais, Deus sabe até onde você pode suportar estar só e Ele irá agir, em seu favor, quando perceber que a sua situação chegou ao limite. Podemos tomar, como exemplo, a origem do relacionamento entre um homem e uma mulher: Adão e Eva.
Quando Adão chegou ao limite de sua solidão, Deus interveio ao seu favor. O que vemos com isso? Que não foi Adão quem resolveu seu problema de solidão, e sim o próprio Deus (CASTRO, 2011).
O fato de estar sozinho serve para reconstruir sua autoestima, além de ser um tempo preparatório e protetor.
Você não tem como amar alguém, sem amar a si mesmo primeiro. A ordem bíblica é: ama o próximo como ama a ti mesmo (Mateus 19:19). Você se ama? Se não, como amará o próximo?
Neste meio tempo, você descobrirá que o amor que busca está, primeiro, dentro de você e que nenhum relacionamento com alguém poderá desenterrá-lo e ativá-lo na sua vida, é você quem, primeiro, deve tomar posse dele (VANZANT, 2009).
Por isso, este tempo em que você está esperando por aquela pessoa especial é indispensável para elevar o seu amor próprio e adquirir a liberdade necessária para fazer suas escolhas de forma consciente. Lembre-se que Deus quer que você sinta-se um solteiro completo e feliz, em primeiro lugar, para, futuramente, fazer seu cônjuge feliz.


Simone Messina

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Ressucita-me

Mestre, eu preciso de um milagre
Transforma minha vida meu estado
Faz tempo que eu não vejo a luz do dia
Estão tentando sepultar minha alegria
Tentando ver meus sonhos cancelados
Lázaro ouviu a Sua voz
Quando aquela pedra removeu
Depois de quatro dias ele reviveu
Mestre, não há outro que possa fazer
Aquilo que só o Teu nome tem todo poder
Eu preciso tanto de um milagre
Remove a minha pedra
Me chama pelo nome
Muda a minha história
Ressuscita os meus sonhos
Transforma a minha vida
Me faz um milagre
Me toca nessa hora
Me chama para fora
Ressuscita-me
 Tu És a própria vida
A força que há em mim
Tu És o filho de Deus
Que me ergue pra vencer
Senhor de tudo em mim
Já ouço a Tua voz
Me chamando pra viver
Uma história de poder