The end

Eis que dia desses limpando a minha caixa de mensagens sms, que raramente verifico, encontrei uma msg nossa antiga. Uma mensagem tão simples, mas com tanto significado. A mensagem dizia assim: “Ei, acho que vi um gatinho com o olho cheio de ramela, kkkk. Bom dia, meu amor”. Minha primeira reação foi sorrir. Depois fui tomada por uma tristeza que nem consigo expressar. Fiquei pensando em que momento nos perdemos pelo caminho. Em que momento deixamos de ter aquele brilho nos olhos ao falar um do outro? Em que momento deixamos de rir das nossas piadas internas? Em que momento paramos de fazer nossas coreografias vexatórias ou mesmo as nossas caretinhas? É impossível não doer ao se despedir de um grande amor. Você nunca teve intenção de ser um príncipe, mas foi o meu durante muitos anos. O meu “príncipe dos pampas”. E se o final não foi como esperávamos, não significa que nossa história não teve valor. Eu fui de verdade em cada sentimento, em cada palavra. Te amei até onde eu pude. Mas não podia te amar mais que a mim mesma. Que possamos nos perdoar um dia pela dor que causamos um ao outro. Mas que também não esqueçamos das alegrias que vivemos muito antes dela nos arrebatar. 

A garota do blog

Não resisti, precisei fazer uma postagem com esse título, afinal há aqui uma fã de Gossip Girl. Mas nesse caso uma garota (agora mulher) que escreve não para fazer fofocas ou intrigas, mas para escrever sentimentos. E enquanto escrevo essas linhas, me pego pensando se ainda sei escrevê-los. Confesso que reencontrar e reler esse blog foi inesperado e estranho. Inesperado porque não imaginei que ainda estivesse ativo. Estranho porque me fez revisitar muitas lembranças e sentimentos antigos. Entender (e acolher) a Ana que há mais de uma década estava aqui tentando expressar tudo que sentia; olhar pra ela com carinho e com orgulho, afinal ela mudou e evoluiu tanto. Esse reencontro de palavras e sentimentos não poderia ter acontecido em período mais oportuno. Porque não importa o quanto o tempo tenha passado, o quanto a aparência tenha mudado, a essência permanece a mesma. O que era importante naquela época, continua sendo importante hoje. Mas aquela Ana sabia tão pouco da vida e achava que sabia muito. A Ana de hoje continua sabendo pouco, mas com a consciência de que o que sabe é quase nada. Mas o que é a vida se não uma grande oportunidade de aprendizado? 

Foi bom te encontrar de novo, Ana.

Com amor,

Ana.

A gente tem que ser de verdade

Não gosto de quem se esconde atrás de uma palavra, um escudo ou base para o rosto. Não tolero quem diz uma coisa e faz outra, quem promete e nunca cumpre, quem diz que ama e nada sente. Não suporto quem tenta aparecer a qualquer custo, quem acha que o dinheiro compra tudo, quem esquece do que mais importa.


Gosto de quem mostra o rosto suado, as mãos sujas, o verbo esparramado, os pés descalços. Gosto de quem não tem medo do não, de quem perde o controle, de quem esquece a razão. Gosto de quem se molha na chuva, suja a bochecha de melancia, deita na grama pra olhar o céu. Gosto de quem não esconde a emoção, de quem não se importa em secar a lágrima, de quem perde a hora vendo a paisagem.

Não gosto de quem fala pelas costas, tenta dar o gole, passar a perna ou esconder o jogo. Não gosto de quem trai a si mesmo e o outro, distribui promessas rasgadas, espalha mentiras. Não gosto de quem força amizade, vive de aparências ou reage com grosseria.

Gosto de quem olha com doçura, nunca perde o encanto, esquece as desavenças e perdoa o que passou. Gosto de quem se arrepia com uma música, sente uma lágrima rolar com um filme e se alegria com uma lambida de cachorro. Gosto de quem sorri ao ver uma criança, de quem mantém seu lado puro, de quem entende que a vida é melhor quando a gente observa o que acontece com olhos inocentes.

Clarissa Corrêa